O Minimoog D é o primeiro sintetizador portátil do mundo, desenvolvido por Bill Hemsath e Robert Moog, e foi lançado em 1970 pela R.A. Moog Inc. O Minimoog tornou-se um sintetizador monofônico muito popular, e vendeu aproximadamente 13 mil unidades entre os anos de 1971 e 1982. Antes do minimoog, os sintetizadores modulares eram muito grandes e pouco práticos, além de extremamente custosos. O Minimoog foi o primeiro sintetizador portátil de sucesso, disponibilizando ao operador controles em tempo real para ser levado ao palco, servindo de inspiração para o desenvolvimento de sintetizadores posteriores.
Rick Wakeman disse certa vez: "for the first time you could go on [stage] and give the guitarist a run for his money...a guitarist would say, 'Oh shoot, he's got a Minimoog', so they're looking for eleven on their volume control - it's the only way they can compete". Completou: "absolutely changed the face of music". Disse mais ou menos o seguinte, em livre tradução: "Pela primeira vez oder-se-ia vender caro a derrota a um guitarrista, que diria, 'caramba! ele tem um minimoog', e, assim, procuraria o volume alto do amplificador, que seria a única maneira de competir". Completou dizendo: "o minimoog absolutamente alterou o panorama da música".
O Minimoog Voyager, projetado e lançado por Bob Moog em 2002, é versão moderna do Minimoog D, com inovações tecnológicas de sua era. É fabricado artesanalmente, e cada modelo consagra o estilo inconfundível do painel de controle escamoteável e seus knobs vintages, proporcionando enorme gama sonora, destacando-se seus timbres pesados e fortes.
O minimoog voyager é "sintetizador analógico", porque gera sons utilizando circuitos analógicos. Os circuitos digitais do seu interior não estão envolvidos na geração do som, mas sim, principalmente, no plano de gravação dos parâmetros pré-configurados (patches).
O voyager está equipado com teclado de 44 notas (3 1/2 oitavas, de F para C), assim como o Minimoog original. Ao contrário do original, no entanto, tem possibilidade de transposição de oitavas (acessado por duplo toque no botão edit), garantindo range ou extensão de 7 1/2 oitavas. O Voyager transmite mensagens MIDI "Note On" e "Note Off" polifônicas, além de teclado sensível ao toque, e, inclusive, aftertouch, outras inovações em relação ao clássico minimoog.
Localizado à esquerda do teclado, o Painel de Controle contém as rodas Pitch Bend (curva de afinação) e Mod Wheel (roda de controle de LFO), além de interruptores liga/desliga de glide (portamento) e release.
Com muito pesar soube que a Moog Music Inc. encerrará a produção do minimoog voyager, após treze anos do início e mais de 14 mil unidades vendidas.
OSCILLATORS (VCO)
O minimoog voyager é sintetizador que adota o sistema de síntese sonora subtrativa, e, assim, a rota básica de geração do som é o seguinte: OSCILADOR (VCO) - FILTRO (VCF) - AMPLIFICAÇÃO (VCA)
Nestas fases podem atuar o LFO (Low Frequency Oscillator), ou oscilador de baixa frequência; bem como o EG (Envelope Generator), ou gerador de envoltória.
Os osciladores de tensão controlada - VCO (Voltage Controlled Oscillators) -, são as principais fontes sonoras audíveis do minimoog voyager, que conta ainda com possibilidade de fonte por conexão externa, e fonte de ruído.
O voyager está equipado com circuito de regulação de temperatura, que proporciona estabilidade de afinação. Trata-se de uma excelente inovação em relação aos minimoogs modelo D. Não raras as vezes, podia-se verificar tecladistas afinando o minimoog D durante suas performances, e, para isto, o fabricante já disponibilizava no painel do instrumentos de faculdade de ouvir sinal com freqüência contínua de 440Hz, com conexão para fone de ouvido.
Interessante notar que o terceiro oscilador pode ser definido como segundo LFO (Low Frequency Oscillator), isto é, oscilador de baixa frequência.
O Voyager contém três osciladores de sons audíveis, que geram as ondas sonoras (waves), e suas componetes harmônicas, as quais, podem ser de diversos formatos, basicamente: dente de serra, quadrada & retangular, e triangular. Adiante explicarei melhor cada uma delas.
Subseções:
Frequency
O minimoog voyager apresenta sistema de microafinação, isto é, possibilidade de afinação entre semitons (comas).
As frequências dizem respeito às afinações dos osciladores 2 e 3, diversamente do oscilador 1, e a razão é que este se destina a servir de referência aos outros dois.
Uma freqüência de áudio ou frequência audível é um periódico de vibração cuja freqüência é audível para o ser humano médio. A unidade (sistema internacional) da freqüência de áudio é o Hertz (Hz). O intervalo padrão de freqüências audíveis é de 20 a 20.000 Hz, embora a gama de frequências para cada indivíduo varie, podendo ser influenciada inclusive por fatores ambientais. Freqüências abaixo de 20 Hz (infrasons) são geralmente sentidas mais do que ouvidas. Freqüências acima de 20.000 Hz (ultrasons) às vezes pode ser sentidas pelas pessoas mais jovens. Existem animais (toupeira e elefante, por exemplo) que são capazes de captar infrasons, conseguindo ouvir as ondas dos tremores de terra (poucos Hz). Da mesma forma, designamos ultrasons aos sons inaudíveis por terem frequência superior a 20000 Hz. Um cão ou um gato ouvem até aos 40000 Hz e um morcego até aos 160000 Hz.
No voyager, os controles de frequências podem alterar até o máximo de 7 semitons em relação ao oscilador 1, para o grave ou para o agudo. Isto permite que mais de uma frequência seja utilizada quando uma tecla é pressionada, vale dizer, até 3 frequências (afinações) diferentes. Uma técnica muito comum entre tecladistas consiste em ajustar as frequências dos osciladores 2 (ligeirametne mais para baixo) e 3 (ligeirametne mais para cima) um pouco deslocadas da frequência base do oscilador 1, resultando em uma clássica sonoridade densa, característica de sons analógicos.
Octave
Cada oscilador tem o respectivo interruptor de comando de oitavas (transposição de intervalos) de 6 posições, sistema inspirado no padrão utilizado em órgãos.
Segue a escala de frequências relacionada para cada tecla (escala temperada), valendo notar que a tecla lá central emite 440.00 Hz:
A experiência é a seguinte: desligue os osciladores 2 e 3 no Mixer, gire o oscilador 1 e defina o seu nível de oitava, por exemplo, no 8'. Toque uma nota do teclado e, após, gire o oitavador (do oscilador 1) no sentido horário para a posição 4'. Percebe-se que a nota alterou uma oitava para cima.
Wave
Dente de serra (sawtooth wave): é uma espécie de forma de onda não-senoidal básica. Ela recebeu o nome dente de serra baseado em sua semelhança com a lâmina de uma serra. Uma onda dente de serra representada no domínio do tempo (acima) e no domínio da frequência (abaixo). O som é desarmonioso, porém limpo, e seu espectro contém ambas as harmônicas normais e estranhas da frequência fundamental. Devido ao fato de ela conter todas as harmônicas inteiras, ela é considerada uma das melhores formas de onda para a construção de outros sons, particularmente cordas, utilizando a síntese subtrativa. Possui harmônicos pares e ímpares.
Quadrada & Retangular (square & rectangle waves): É uma forma de onda básica encontrada frequentemente nas áreas da eletrônica e do processamento de sinais. Uma onda quadrada ideal alterna regularmente e instantaneamente entre os dois níveis, que podem ou não incluir o zero. As ondas quadradas são universalmente encontradas nos circuitos de chaveamento digitais e são naturalmente encontradas em dispositivos lógicos de dois níveis. Elas são utilizadas como referências de tempo em "sinais de clock (relógio)", devido a suas transições rápidas serem aplicáveis para o trigger de circuitos de lógica síncrona em intervalos de tempo precisos. Entretanto, as ondas quadradas contêm uma grande faixa de harmônicas, e estas podem gerar radiação eletromagnética ou pulsos de corrente que podem interferir em circuitos próximos, causando ruídos ou erros. Para evitar este problemas em circuitos muito sensíveis tais como conversores analógico-digitais de precisão, as senóides são utilizadas como referência de tempo ao invés das ondas quadradas. Possui apenas harmônicos ímpares. Em termos musicais, elas são comumente descritas como contendo um som oco, e são utilizadas como base para sons de instrumentos de sopro criados através da síntese subtrativa. A onda retangular é derivada desta.
Triangular (triangle wave): Uma onda triangular é uma espécie básica de forma de onda não-senoidal que recebeu este nome devido ao seu formato semelhante a um triângulo. Uma onda triangular com limite de banda representada no domínio do tempo (acima) e no domínio da frequência (abaixo). Como uma onda quadrada, a onda triangular contém tão somente harmônicas ímpares. Entretanto, as harmônicas superiores se reduzem muito mais rapidamente do que em uma onda quadrada (proporcional aoinverso do quadrado do número hamônico ao invés de apenas ao inverso), e desse modo seu som é mais natural do que o de uma onda quadrada, sendo mais próximo do som da uma onda seno. É possível se aproximar de uma onda triangular utilizando síntese aditiva adicionando-se harmônicas ímpares à fundamental, multiplicando-se cada (4n−1) énsima harmônica por −1 (ou mudando sua fase por ), e inserindo as harmônicas com o inverso do quadrado de sua frequência relativa à frequência fundamental.
A onda senoidal (sine wave), por outro lado, não apresenta componentes harmônicos. É uma onda muito utilizada em sínteses sonoras de frequências moduladas (FM), bem como muita utilizadas nos sistemas de LFO, isto é, geradas por osciladres de baixa frequência.
Imaginemos então o seguinte cenário:
(a) onda dente de serra gerada pelo oscilador 1;
(b) onda quadrada gerada pelo oscilador 2, e;
(c) onda trinagular gerada pelo oscilador 3.
Imaginemos também que todos os três osciladores geraram ondas na mesma frequência, por exemplo, 440Hz (nota lá). O resultado será o seguinte: geração de três frequências fundamentais derivadas de cada forma de onda, e, além disso, muitas frequências acessórias derivadas destas (harmônicos).
Se o timbre desejado não puder contar com algumas componentes harmônicas, como resolver?
No sistema de síntese subtrativa, os filtros VCF (Voltage Controlled Filter) assumem papel de suma relevância porque são responsáveis justamente pela filtragem das frequências acessórias, ou, em outras palavras, das harmônicas. Na parte II deste post eu abordarei o tema relativo aos filtros do minimoog voyager.
1-2 Sync
A chave 1-2 SYNC é uma das quatro localizadas na parte inferior.
Ao posicionar no modo "on" (ligado), ocorrerá sincronia do oscilador 2 com o 1, gerando efeito interessante causado pela redefinição do ponto de partida da forma de onda de um oscilador aa do outro (o efeito é mais visível se o oscilador sincronizado apresenta frequência maior do que o oscilador base), reforçando os harmônicos.
Este efeito setorna muito mais dramático quando o oscilador 2 está definido em oitava superior.
3-1 FM
O interruptor 3-1 FM estabelece Frequência Modulada linear (FM) do oscilador 1 pelo oscilador 3. Efeitos de modulação de frequência variam de vibrato a trinado.
3 KB Cont
Este interruptor desativa o controle do oscilador 3 pelo teclado, permitindo, assim, utiliza-lo como fonte de modulação de freqüência.
3 Freq
Seleciona a faixa de freqüência do oscilador 3.
Quando o interruptor estiver na posição LO, o oscilador 3 funciona como fonte de subáudio sonoro ou como uma fonte de modulação (LFO), como já adiantado.
Quando o swicth está na posição HI, o oscilador 3 funciona com a mesma gama de frequências disponíveis nos outros osciladores.
MIXER
O Mixer combina as principais fontes de som do minimoog voyager.
Todas as cinco fontes - isto é, 3 osciladores, fonte externa e ruído -, podem ser ligados ou desligados de forma independentes, e seus níveis de volumes podem ser ajustados individualmente.
A saída de áudio do Mixer é encaminhada para o filtro. No entanto, pode-se acrescentar efeito externo por meio do jack "mixer out / filter in" no painel traseiro, após a saída do Mixer, retornando para o voyager com caminho para os filtros. É um recurso interessante. Se não for utilizada a fonte externa, o mixer recebe o(s) sinal(is) da(s) fonte(s) sonora(s) interna e transfere diretamente ao filtro.
Uma dica: esta capacidade de emitir o sinal antes do filtro, processá-lo e, em seguida, devolvê-lo para o Voyager funciona bem com pedais moogerfooger, acrescentando poderos efeitos.
Os controles dos osciladores permitem que cada um possam ser ligados ou desligados, e misturados em qualquer proporção. Quando são regulados em níveis altos, a saída do misturador proporciona suaves saturações (overdrives) à seção dos filtros, e esta foi uma das características importantes do Minimoog original, consagrando sua característica de sonoridade densa ("fat sound").
Noise
O controle de ruído é usado para misturá-locom as outras fontes de som. No Voyager, o ruído pode ser "branco" ou "rosa". É útil para sintetizar sons de ondas de oceano, explosões, com emprego do LFO, ou mesmo para a adição de coloração sutil para um som.
External
O controle externo permite que uma fonte de áudio externa monofônica para ser encaminhado para o Mixer, onde pode se juntar aos osciladores e à fontes de ruído, por meio de conexão no painel traseiro (jack "external audio in") O LED acima do botão de controle externo começa a iluminar com a utilização do sinal de entrada. Se a luz acende em intensidade fraca, é porque exista pouca quantidade de sinal. Quando o LED se torna brilhante, é porque o sinal está forte.
Pode-se utilizar a entrada de áudio externo para rotear o som de volta para o próprio voyager. Este é um clássico artifício para se produzir um som mais denso quando o ganho é corretamente configurado no botão respectivo de controle externo.