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Foto do escritorRenato Moog

Entrevista com Ronaldo Lopes Teixeira Rolt

Atualizado: 21 de abr. de 2021


Em uma rua de paralelepípedos relativamente tranquila situa-se o Teatro da Universidade UMC, é, no entanto, transversa a uma das principais e movimentadas vias de São Paulo, a Avenida Imperatriz Leopoldina. Do lado de fora, quem passa pelas imediações certamente não imagina que já houve duas exposição fantásticas de miniaturas de sintetizadores, órgãos, pianos, clavinets e, demais instrumentos de teclas.  Ronaldo Lopes Teixeira Rolt é o artista. Após subir as escadas em direção ao interior do Teatro, pode-se ver uma lanchonete defronte à bilheteria e, mais adiante, à direita, um local perfeito para a exposição de Rolt, a antesala do Teatro. Após juntar duas mesas grandes e estender uma toalha preta de veludo, Rolt dispôs cuidadosamente cada peça de forma organizada, e, assim, a magia aconteceu.

Na maior parte do ano, este paulistano, músico, publicitário e artista da computação gráfica, cria filmes e materiais visuais.  Já colaborou com a MTV, com a TV HBO, e também com a TV Cultura, e hoje é parte importante da publicidade e equipe de artistas da TV Bandeirantes. Já ilustrou muitas revistas, inclusive capas para Veja, Superinteressante, Mundo Estranho, Galileu, dentre outras. Não se pode duvidar, no entanto, de outra grande paixão na vida de Rolt, a música, que o encanta desde criança. Como nunca teve piano na casa dos pais, após iniciar o processo de ganhar seu próprio dinheiro adquiriu um teclado Casio, e assim iniciou os primeiros passos no aprendizado com dicas da própria mãe, e também de amigos. Ligado à música, Rolt desenvolveu suas próprias técnicas de construção de miniaturas de instrumentos musicais, especialmente teclados eletrônicos. Este ano, em 11 de novembro de 2017, Rolt as levará novamente para o Teatro UMC, desta vez para o show da banda Pink Floyd Dream, que realizará o espetáculo The Wall - o filme.  Para quem ainda não conhece, trata-se de uma grande chance de ver de perto cada criação do artista, e mais que isso, conversar com ele, pois estará lá.

Rolt conversou comigo por algumas horas, falamos sobre música, bandas, equipamentos, e respondeu minhas perguntas sempre bem humorado e com um sorriso no rosto, de quem se orgulha muito de suas atividades.

  • Quando a música entrou para a sua vida?

Eu sempre gostei de teclado, e ficava fissurado quando via um piano, desde pequenino. Gostava muito de ouvir as trilhas internacionais das novelas da Globo nos anos 70, minha tia me dava alguns discos.

  • E o rock progressivo, quando despertou seu interesse?

Quando eu tinha uns 14 anos, um amigo meu, cuja família era muito próxima da minha, ele dois anos mais velho que eu, mostrou-me dois discos que mudaram definitivamente minha vida e minha apreciação musical, e que perdura ate hoje. Heitorzinho, como eu o chamava, mostrou-me um dia o disco The Dark Side of The Moon (Pink Floyd), e fiquei fascinado pelos efeitos sonoros incluídos nas musicas que nunca tinha ouvido antes, e também o álbum Journey to the Centre of the Earth (Rick Wakeman), que foi o golpe fatal. 

Eu sempre adorei filmes de monstros, cenas medievais, aventuras, e quando vi o Rick rodeado de teclados que eu nem conhecia, fiquei maluco. Isso por volta de 1974, e em 1975 vi pela primeira vez um show de Rick na TV Globo num especial no Natal.

  • Sobre as miniaturas de instrumentos de teclas, o que o levou a desenvolvê-las? 

Bem… há 2 anos resolvi fazer umas montagens em pinturas renascentistas, e substituí os rostos da pintura pelo de músicos do rock progressivo. Não foi uma montagem colada apenas, pois texturizei as fotos e respeitei a iluminação, bem como sombras e tons da pintura original, e, assim, acabei fazendo de diversas categorias, de tecladistas, baixistas, vocalistas, etc. Em especial na dos tecladistas, eu coloquei como figura central o Rick Wakeman, é claro, segurando um sintetizador minimoog D em miniatura.

Depois de algum tempo eu prestei mais atenção nesse detalhe e imaginei que queria fazer miniaturas dos teclados do Rick, e, assim, fiz o setup dele de 1973 cuja foto esta no seu álbum The Six Wives of Henry VIII, daí decidi continuar fazendo vários outros clássicos.

  • Já criou setups de outros artistas?

Eu vi que somando algumas miniaturas dava para fazer mais alguns setups de diferentes tecladistas, e, após concluir mais um do Wakeman, da tour de 1981, do seu álbum 1984, parti para os equipamentos de Tony Banks da tour de 1978, do álbum And Then There Were Three. Pretendo fazer mais algumas, claro, inclusive do Rick Wright, incluindo seu icônico Farfisa Duo Compact.

  • Alguma conquista em especial relacionado ao trabalho de miniaturas?

Como eu ainda  faço por hobby, não considerei fazer pra vender, embora muitos me peçam. Embora seja um trabalho minucioso e cansativo, estou estudando esta possibilidade.

  • Alguma miniatura você tem algum carinho em especial?

Algumas, o Minimoog D, o Yamaha CP 70 piano (adoro o som dele), e ARP 2600.

  • Quais dos sintetizadores clássicos você tem preferência?

O Minimoog, pelo poder sonoro dele, e o Yamaha CP 70 piano, pelo som pesado dos seus graves, ouvia muito nas músicas do Vangelis sem saber que instrumento era, depois fiquei fascinado pelo som na música Planeta Água de Guilherme Arantes. Dos mais modernos gosto muito dos timbres do Korg M1, que foi um divisor de águas no Universo dos timbres de sintetizadores.

  • Quando você se propõe a criar alguma miniatura, em que momento sente que realmente atingiu o objetivo?

Já expus minhas miniaturas por duas vezes no Teatro UMC, nos shows da banda Rick Wakeman Project, de Renato Moog e banda, e recentemente na Expomusic 2017, no stand da revista Keyboard, e em breve estarei novamente no Teatro UMC no show da banda Pink Floyd Dream, dia 11 de novembro. Estou sempre atento, e sempre prestando atenção nos comentários do público e também dos músicos e tecladistas.  Enfim, fico satisfeito quando  consigo fazer todos os detalhes possíveis do instrumento original, até onde minha visão permite.

  • Para encerrar, que conselhos poderia dar a quem queira enveredar pelo mundo das miniaturas?

Precisa gostar muito e ter também bastante paciência.  Como não sou maquetista, não tenho conhecimento técnico de materiais que até poderiam me facilitar o trabalho, mas tenho usado o que tenho disponível, e muitas vezes parto para a pesquisa, além de improvisar bastante.




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